Avanço de Trump nas primárias entra no radar do mercado financeiro

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump saiu vitorioso na disputa interna do Partido Republicano na Carolina do Sul, no sábado (24.fev.2024), o que aumenta as chances de ele ser o candidato oficial da legenda nas eleições presidenciais de novembro. Isso coloca economistas em estado de alerta para as consequências de uma eventual vitória do republicano.

Para analistas do mercado financeiro, uma possível vitória de Trump pode gerar impactos econômicos para além dos EUA, como o aumento de tarifas para o comércio com países da Europa e da Ásia. É o que avalia Orla Garvey, gestora sênior de carteiras de renda fixa da Federated Hermes Limited.

“Embora o mercado de títulos seja em grande parte determinado pelo ambiente macroeconômico, as eleições americanas certamente têm o potencial de gerar volatilidade nos mercados. Supondo que Trump repita a agenda de seu primeiro mandato, poderíamos esperar um aumento nas tarifas –com China e Europa como alvos preferenciais–, cortes de impostos e um maior estímulo fiscal”, afirma.

“Uma presidência de Trump seria mais relevante se os Republicanos conquistassem o controle da Câmara dos Representantes e do Senado e, neste cenário, veríamos o risco de um maior déficit fiscal”, acrescenta Garvey.

“No contexto atual de grandes desequilíbrios que precisam ser financiados, isso significaria provavelmente que os investidores cobrariam uma maior remuneração para comprar a dívida americana, ou seja, curvas mais inclinadas”, afirma a especialista.

Segundo Garvey, “Trump criticou abertamente Jerome Powell, presidente do Fed, e ameaçou trocá-lo quando seu mandato terminar em 2026; se Powell fosse substituído por um presidente mais favorável à expansão monetária, isso poderia ter implicações para as expectativas de inflação, que até agora se mantiveram relativamente estáveis”.

“Claro, uma presidência de Trump teria consequências globais; no atual ambiente geopolítico instável e após as recentes declarações de Trump sobre a Otan, o risco de um maior gasto fiscal deveria se estender aos países europeus. Isso levanta a possibilidade de uma revisão das regras fiscais no futuro e apontaria novamente para a necessidade de uma maior remuneração nos mercados de títulos públicos”, conclui Garvey.


Com informações da Investing Brasil.

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