O deputado federal Zé Trovão (PL-SC) pedirá ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) a realização de uma comissão geral no plenário da Casa Baixa sobre a suposta exploração e abuso sexual de crianças na ilha de Marajó, no Pará.
Os 3 líderes partidários das maiores bancadas da Câmara assinaram o requerimento:
- Dr. Luizinho (PP-RJ) – líder do “blocão” de Lira, formado pelas legendas PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PDT, Solidariedade, PRD e Avante;
- Hugo Motta (Republicanos-PB) – líder do 2º maior bloco da Casa Baixa, formado por MDB, PSD, Republicanos e Podemos;
- Altineu Côrtes (PL-RJ) – líder do PL.
Juntas, as bancadas somam 400 deputados. Entretanto, em assinaturas individuais, o pedido para a comissão geral tem 90 assinaturas.
Segundo a assessoria de Zé Trovão, o requerimento será apresentado nesta 3ª feira (27.fev) a Lira.
“Neste momento em que as comissões ainda não estão instaladas, o Parlamento necessita e anseia por este debate. Peço que o Legislativo e o Executivo baixem as bandeiras partidárias e pensem nas crianças e adolescentes que estão sendo vítimas de exploração sexual na Ilha de Marajó, disse o deputado.
Caso Lira atenda o requerimento, será marcada uma data para a comissão geral. Pelo regimento da Câmara, os deputados se reuniriam no plenário para debater o assunto.
ENTENDA O CASO
O suposto caso de exploração sexual na Ilha do Marajó teve projeção nacional nas redes sociais nas últimas semanas. A exploração infantil na região voltou a ser discutida depois de a cantora Aymeê cantar uma música intitulada “Evangelho de Fariseus” em um reality show de música gospel.
A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem alegado omissão do governo federal em relação ao assunto.
No sábado (24.fev), o advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que determinou à PNDD (Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia) a identificação de redes de desinformação sobre a Ilha de Marajó, no Pará.
Em outubro de 2022, a senadora e ex-ministra de Mulher, Família e dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou durante um culto em uma igreja evangélica de Goiânia (GO) que teve acesso a supostas imagens de crianças sequestradas com os dentes arrancados para a prática de sexo oral na Ilha de Marajó.
O MPF ajuizou em setembro de 2023 uma ação civil pública na Justiça Federal do Pará que pedia o pagamento de R$ 5 milhões por parte da senadora e da União em decorrência de relatos sem provas sobre cenas de abuso infantil.
Apesar de citar provas físicas no seu relato, a ex-ministra não apresentou qualquer comprovação quando foi questionada pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e pelo Ministério Público Federal do Pará.
A ação do MPF mencionou também que as declarações da senadora foram feitas durante período de campanha eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O órgão afirmou que os cenários de abuso infantil foram utilizados para associar a figura de Damares e de Bolsonaro ao que ela chamou de “maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó”, o extinto “Abrace o Marajó”.