A CPI da Braskem recebeu os primeiros depoentes na reunião desta 3ª feira (5.mar.2024). O engenheiro Abel Galindo, que desde 2008 alertava para os riscos da exploração em Maceió (AL), afirmou que a exploração das minas de sal-gema na região ultrapassou os limites a partir do início da administração da petroquímica no local, em 1996.
Além de Galindo, também foram ouvidos José Geraldo Marques, morador da região afetada pela mineração; e Natallya de Almeida Levino, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que acompanha a situação.
A extração para produzir dicloroetano em Maceió teve início em 1976, pela empresa chamada Salgema. A partir de 1996, a petroquímica Salgema passa a se chamar Trikem, que havia mudado a administração no ano anterior. Segundo Galindo, é a partir deste período que a exploração começa a extrapolar os limites do solo.
Em 2002, a Trikem se funde com outras empresas do setor e dá origem à Braskem, que incorporou as operações existentes em Maceió
“Até 1996, pelo que eu tenho conhecimento, era tudo ‘bonitinho’”, disse o engenheiro.
A declaração do engenheiro surpreendeu o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), que pediu dados sobre o trabalho da Salgema antes da década de 1990.
Aziz declarou nas primeiras reuniões da CPI que a investigação não se limitaria à Braskem, pois havia indícios de exploração indevida antes de a empresa assumir a extração.
Esse argumento, inclusive, foi um dos utilizados para não indicar o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI, para “dar mais isenção” aos trabalhos sem que houvesse concentração na atuação da Braskem em Alagoas.
Os depoimentos tiveram início às 9h e tiveram duração de cerca de 4 horas. Na 4ª feira (6.mar.2024), serão ouvidos o servidor aposentado da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Thales Sampaio, e o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), Mauro Henrique Sousa.