Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), senadores e integrantes do governo de Jair Bolsonaro (PL) foram monitorados pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) de 2019 a 2021, segundo lista revelada pela Band na 6ª feira (2.fev.2024).
A informação não foi confirmada oficialmente pela PF (leia mais abaixo).
Alguns nomes já tinham sido citados em trechos do relatório da PF mencionados nas decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes em que ele autoriza as operações contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (RJ).
Já era de conhecimento público o monitoramento de Moraes, do ministro do STF Gilmar Mendes, dos ex-deputados Rodrigo Maia e Joice Hasselmann e do ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana.
Entre os nomes revelados pela Band, estão senadores que atuaram na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, instaurada em 2021 para apurar supostas omissões e irregularidades nas ações do governo federal na pandemia e políticos que integraram o governo do próprio Bolsonaro.
Eis a lista divulgada pela Band:
- ministros de Estado – Abraham Weintraub, Anderson Torres, Flávia Arruda e general Santos Cruz;
- ministros do Supremo – Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Roberto Barroso;
- governadores – Camilo Santana e João Doria;
- senadores – Alessandro Vieira, Humberto Costa, Omar Aziz, Otto Alencar, Randolfe Rodrigues, Renan Calheiros, Rogério Carvalho, Simone Tebet e Soraya Thronickle;
- deputados federais – Alexandre Frota, Kim Kataguiri e Rodrigo Maia.
Segundo a PF, mais de 60.000 telefones foram rastreados por meio do software espião First Mile, fornecido pela empresa israelense Cognyte, de 2019 a 2021 –durante a gestão de Alexandre Ramagem no órgão. A investigação indica que o monitoramento se deu sem a ciência das operadoras de telefonia e autorização judicial necessária.
A investigação indica que, com o software, os funcionários da Abin conseguiam localizar qualquer celular por meio da ERB (Estação Rádio Base) dos aparelhos. O sistema, avaliado em cerca de R$ 5 milhões, possibilitava manter rastreamento sem o conhecimento das operadoras de telefonia.
O rastreio funcionava em 2 passos:
- digitava-se o número de celular a ser monitorado no First Mile;
- o programa oferecia um histórico de deslocamentos e movimentações em tempo real, ao rastrear a transferência de dados dos celulares para torres de telecomunicações.
Em resposta à Band, a PF diz que continua realizando a análise dos materiais apreendidos na operação e que não há informações conclusivas a respeito de quem foi monitorado pelo software espião.
Leia a nota completa divulgada pela PF:
“A Polícia Federal informa que está realizando a análise dos materiais apreendidos na Operação Última Milha.
“Diferentemente do que foi divulgado pela imprensa nesta 6ª feira (2.fev), não há, até o momento, informações conclusivas referentes a todos os titulares e usuários das linhas telefônicas monitoradas através do software First Mile.
“Não procedem, dessa forma, quaisquer informações referentes a nomes de autoridades ou outras pessoas eventualmente monitoradas.
“As investigações seguem em sigilo, sem data prevista para encerramento.”
LEGAL OU ILEGAL
Agências de inteligência monitoram pessoas. No passado, agentes seguiam quem poderia ser suspeito de ter cometido irregularidades. Hoje, mapeia-se o movimento dos celulares com GPS. A legalidade ou ilegalidade sobre esse tipo de operação é difícil de ser delimitada.