A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), classifica como “ultraje” o valor das emendas parlamentares ter subido para R$ 53 bilhões durante a tramitação do Orçamento de 2024 no Congresso. As emendas de comissão sofreram um veto de R$ 5,6 bilhões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ainda será analisado pelos congressistas.
“Achei um ultraje o valor aprovado para emendas parlamentares no Orçamento, R$ 53 bilhões. É quase o total para investimento. Não sou contra as emendas, mas elas não podem substituir [o papel do Executivo]. Não há um planejamento para o país na execução desses recursos, que seguem interesses dos parlamentares”, disse Gleisi em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 2ª feira (5.fev.2024).
A petista defende que a sociedade ajude a conter o avanço na gestão do Orçamento por parte do Congresso. O veto de R$ 5,6 bilhões de Lula provocou aborrecimento entre os congressistas, que já articulam derrubar a medida. O assunto deve dominar o começo do ano do Legislativo.
“Se tivéssemos maioria no Congresso, teríamos conseguido evitar esse crescimento exorbitante. Infelizmente, não temos uma correlação de forças para isso. Precisamos que a sociedade nos ajude, para não deixar o Legislativo avançar desse jeito numa situação que não é de sua responsabilidade constitucional”, afirmou Gleisi.
Eis abaixo outros temas abordados pela deputada:
- presidências da Câmara e do Senado: “É cedo para falar, mas não vamos ficar como espectadores. Faremos a discussão no PT e com os partidos do nosso campo para ver o caminho.”
- eleições de 2026: “Lula tem que ser nosso candidato à reeleição. Não tenho dúvida. Está na resolução do PT. E nossa missão tem que ser fazer com que a frente [ampla] permaneça. Ela é totalmente expressa na formação do governo, na condução da economia e no relacionamento com o Congresso.”
- bolsonarismo: “Se ficarmos quietos, a extrema-direita vem para cima e vai ganhar terreno. Estamos quase numa guerra com a extrema-direita. Se nos calarmos, quem vai fazer o embate? Não vai ser a direita. Prefiro o enfrentamento.”
- deficit zero: “Vai ter que ser analisado no primeiro bimestre. O presidente Lula disse que não permitirá contingenciamento dos investimentos. Isso é fundamental para não travar a economia. A meta que nós temos que buscar é a do crescimento econômico. Já defendi que não tínhamos que cravar a meta fiscal zero.”