Com atrito entre Lira e governo, Câmara não terá sessões nesta semana

O atrito entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) suspendeu os trabalhos da Casa Baixa nesta semana. Depois da sessão de 3ª feira (6.fev.2024), os deputados foram liberados a voltar para suas bases eleitorais porque não haverá sessões nesta 4ª feira (7.fev) e nem na 5ª feira (8.fev).

Os trabalhos da Câmara só serão retomados na semana pós-Carnaval. A insatisfação de Lira com a articulação política do Planalto, verbalizada na abertura do Ano Legislativo, é o principal motivo para a interrupção das atividades. Há um entendimento na Casa Baixa de que é preciso deixar a temperatura abaixar. Hoje, o clima na Câmara é de insatisfação de diferentes líderes partidários com o governo Lula.

Lira e líderes dos partidos reclamam que o governo tem descumprido acordos firmados, especialmente com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Lula já enviou o recado à Câmara de que não pretende trocar Padilha. A avaliação no Planalto é que o ministro é da confiança do petista.

Há uma expectativa de que Lira e o chefe do Executivo se encontrem ainda nesta semana, mas nenhum dos lados está otimista com essa possibilidade. Lira deve passar o Carnaval na Bahia, e Lula volta de Minas Gerais a Brasília na noite de 5ª feira (8.fev). As falas de Lira na 2ª feira (5.fev) também não deixam o presidente em uma posição confortável para recebê-lo.

No discurso, Lira declarou que o Congresso “não foi eleito para carimbar” propostas vindas do Executivo. “Não é isso que o povo brasileiro espera de nós. Espera-se, isso, sim, independência e somatório de esforços, sempre em favor do país”, disse.

“A boa política, como sabemos, apoia-se num pilar essencial: o respeito aos acordos firmados e o cumprimento à palavra empenhado”, afirmou.

Em uma fala recheada de recados ao Planalto, o presidente da Câmara também disse que o Orçamento federal “é de todos, não só do Executivo”.

O congressista disse que a burocracia técnica “não gasta a sola do sapato” percorrendo os pequenos municípios brasileiros.

“O Orçamento é de todos e para todos os brasileiros e brasileiras: não é e nem pode ser de autoria exclusiva do Poder Executivo e muito menos de uma burocracia técnica que, apesar de seu preparo, não duvido, não foi eleita para escolher as prioridades da nação. E não gasta a sola do sapato percorrendo os pequenos municípios brasileiros como nós, parlamentares”, declarou.

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