Era das passagens baratas acabou, diz CEO da TAP

Luís Rodrigues, CEO da TAP, disse que a era de passagens aéreas baratas chegou ao fim. Segundo ele, depois da pandemia, o setor vive um momento com maior demanda e oferta restrita, resultando em preços mais altos.

Quando olhamos para a frente, para reservas, não vemos crise. Vemos demanda sustentável forte. O que vemos são problemas na disponibilidade de aviões. Os fabricantes não conseguem entregar mais aeronaves. Temos um problema estrutural, com alta procura e oferta que não é forte, o que significa que o preço inevitavelmente sobe”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 5ª feira (8.fev.2024). “A única forma para o passageiro de lidar com isso é planejar o mais cedo possível sua viagem”, completou.

Rodrigues disse ser possível “baixar o preço de passagens administrativamente”, mas que a ação representa um “péssimo princípio”. Ele declarou: “Quando não se deixa o mercado funcionar, a coisa anda mal”.

E acrescentou: “A humanidade como um todo aumenta. Vai ter mais gente para voar. As pessoas têm mais apetite por turismo. As companhias têm ainda o desafio de sustentabilidade, de conseguir emissões de carbono zero. Diria que passagem aérea barata só em promoção”.

O futuro da TAP está em suspenso até que Portugal eleja um novo governo nas eleições de 10 de março. A nova gestão pode optar por privatizar a companhia ou vender parte de seu capital ao setor privado. A empresa foi renacionalizada de forma emergencial em 2020. A medida possibilitou o aporte de dinheiro público como forma de mitigar os efeitos da pandemia.

Segundo Rodrigues, o tema não deve ser abordado neste ano. “As eleições são em março. Depois entra a negociação do orçamento de 2025 e ninguém vai ter cabeça e tempo para pensar nisso. Em 2025, pode entrar a privatização. Mas é preciso ter autorização da Comissão Europeia, de autoridades brasileiras e norte-americanas. Isso leva mais 1 ano”, declarou.

O maior ativo da TAP é o acesso ao mercado brasileiro. O Brasil representa 1/3 da operação. Ninguém compraria a empresa para pôr em causa o acesso ao mercado brasileiro. Seria matar a galinha dos ovos de ouro”, acrescentou.

Rodrigues afirmou que o Brasil é o mercado que mais se expande na TAP. “Se o Brasil perceber o potencial enorme de turismo, só vai crescer”, disse. “Em Portugal, o turismo é 19% do PIB [Produto Interno Bruto]. Aqui, é 7% ou 8%. Não faz sentido”, completou.

O executivo citou que Iberia, Air France KLM e Lufthansa demonstraram interesse na TAP e que, “por causa das regras de controle”, o comprador deve ser majoritariamente europeu. “Mas pode haver participação brasileira, norte-americana ou árabe, desde que o controle da compradora seja da Europa”, disse.

Segundo ele, o Estado manter uma participação faz sentido “dada a importância estratégica da empresa”. No entanto, Rodrigues disse que a TAP não pode ser tratada como empresa pública.

Hoje é uma empresa pública sujeita a regras de empresa pública. A TAP precisa cumprir as mesmas obrigações que o Teatro São Carlos ou a Companhia das Águas. Isso não faz sentido porque a TAP é a única que opera no mercado global”, declarou.

A cada compra acima de € 5 milhões é preciso pedir autorização ao Tribunal de Contas. E esse valor temos todos os dias. Tenho de manter equipe e estrutura para tratar dessa burocracia. São custos desnecessários”, finalizou.

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