O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse nesta 4ª feira (21.fev) que vai se retirar da composição da CPI da Braskem, por não ter sido escolhido o relator pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM).
“Mãos ocultas, mas visíveis, me vetaram na relatoria”, afirmou Renan.
A escolha estava programada para acontecer pela manhã, em reunião marcada às 10h. No entanto, a indefinição levou Aziz a adiar a deliberação para 16h.
Aziz escolheu o senador Rogério Carvalho (PT-SE) como senador, nome visto como “mais neutro” para estar à frente dos trabalhos, e pediu a compreensão de Calheiros.
Em resposta, o senador alagoano afirmou que não concorda com a decisão, pois foi o responsável por colher as assinaturas necessárias e entrar com o pedido de criação da CPI, e discursou contra a preferência por Carvalho.
“A designação do senador Omar Aziz pelo senador Rogério Carvalho é regimental. Eu confesso que se houvesse um crime ambiental dessa magnitude em Sergipe, eu certamente defenderia que talvez Vossa Excelência [Rogério Carvalho] tivesse mais legitimidade para conduzir a investigação do que o senador Renan Calheiros”, declarou.
Depois de afirmar que estava deixando a comissão, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que é vice-presidente da CPI, ofereceu o cargo ao colega. Calheiros, no entanto, disse na saída a jornalista que não vai aceitar.
Rivalidade
Calheiros é rival político do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), com quem divide o mesmo reduto eleitoral. Como o governo tem relação com os 2 congressistas, não gostaria que a CPI leve a divergências maiores.
A comissão pode ter como alvo o prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas (PL), que já foi criticado por Renan devido aos estragos causados pela Braskem. A depender das investigações, a popularidade de Lira em seu estado pode ser afetada.
No Carnaval deste ano, Calheiros publicou uma foto de Lira com o prefeito de Maceió e disse que “as vítimas da Braskem estão abandonadas, mas os foliões que coreografaram acordos ilegais deliram na avenida, inebriados pelo dinheiro público”.