O relatório da PF (Polícia Federal) sobre o caso das joias indica que o general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, recebeu pelo menos US$ 25.000 em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e teria repassado a quantia em espécie ao antigo chefe do Executivo brasileiro.
De acordo com a corporação, o dinheiro em espécie foi usado, “de forma deliberada”, para evitar passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal. As informações estão no documento que teve sigilo levantado nesta 2ª feira (8.jul), depois de decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Agora, a PGR (Procuradoria Geral da República) tem 15 dias para se manifestar.
“A investigação identificou que Mauro Cesar Lourena Cid pai de Mauro Cid, a época dos fatos, lotado na agência de Apex [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] em Miami, recebeu, em nome e em benefício de Jair Messias Bolsonaro, pelo menos 25 mil dólares, que teriam sido repassados em espécie para o ex-presidente”, afirma o relatório.
A corporação também cita que, ao cumprir um mandado de busca e apreensão na casa de Mauro Cid, foi apreendido um comprovante de retirada no valor de US$ 6.000 datado de 18 de janeiro de 2023, que estava atrelado a um maço de notas que somavam US$ 2.000, em um cofre.
“A data de saque coincide com o período em que os investigados estavam negociando a venda dos bens oriundos de possíveis atos de desvio do acervo público brasileiro”, diz o documento.
O relatório apresenta como indício uma conversa, de junho de 2022, entre Mauro Cid e seu pai em que o general envia dados de uma conta bancária do banco BB Americas Bank, o mesmo banco do comprovante de retirada para Mauro Cid.
“Provavelmente são os mesmos dados da conta onde foram sacados esses seis mil dólares do comprovante acima. Desta forma, pode-se concluir que o referido saque de 6 mil dólares ocorreu na mesma data em Mauro Cid e seu pai, Mauro Lorena Cid, estavam articulando a venda de bens (esculturas e joias) recebidos pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro, na condição de chefe de estado brasileiro, em viagens internacionais”, consta no relatório.
O Poder360 entrou em contato com a defesa de Mauro Cid e Mauro Cesar Lourena Cid, mas até a publicação deste reportagem não houve resposta. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
VIAGEM AOS EUA
Trecho do documento enviado pela PF ao STF (Supremo Tribunal Federal) também mostra que as investigações sobre o esquema das joias indica para o dinheiro arrecadado com a venda dos presentes pode ter custeado as despesas do ex-presidente Bolsonaro e sua família nos Estados Unidos.
O ex-chefe do Executivo viajou ao país depois de perder a eleição presidencial de 2022. Embarcou para os EUA em 30 de dezembro de 2022.
“Tal fato indica a possibilidade de que os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, retornaram, em espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano”, diz o relatório.
BOLSONARO INDICIADO
Na 6ª feira (4.jul), a PF indiciou o ex-presidente e outras 11 pessoas no inquérito que apura a venda ilegal de joias da Arábia Saudita no exterior. A corporação concluiu haver indícios de crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, e apropriação de bens públicos.