O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta 2ª feira (8.jul.2024) a correção feita pela PF (Polícia Federal) do valor desviado no caso das joias sauditas. Em relatório enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), informava que o montante era de R$ 25,2 milhões, no entanto, a corporação retificou que a cifra correta é de R$ 6,8 milhões, como consta em outros trechos do relatório.
“Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF [Caixa Econômica Federal], acervo ou PF, inclusive as armas de fogo”, declarou o ex-presidente em seu perfil no X (ex-Twitter).
Bolsonaro também disse aguardar um posicionamento indicando o possível mandante da facada contra ele em 2018. O autor do crime foi Adélio Bispo. A corporação concluiu que o homem agiu sozinho e sem mandantes.
Leia abaixo o que disse Bolsonaro:
O QUE DIZ A PF
Em nota, a PF disse haver um erro no material e que uma retificação já foi enviada. Segundo a corporação, o montante de R$ 6,8 milhões não consideraria os bens ainda pendentes de perícia, além das esculturas douradas de um barco e uma árvore, e o relógio da marca de luxo Patek Philippe, desviados do acervo público brasileiro e ainda não recuperados.
ENTENDA O CASO
A investigação apura o desvio de 3 kits de presentes luxuosos destinados ao então presidente Bolsonaro por governos estrangeiros.
- kit 1: uma escultura de árvore e outra de barco;
- kit 2: conjunto de joias composto por abotoaduras, um terço, anel e relógio confeccionados em ouro rosê;
- kit 3: conjunto de joias composto por um relógio Rolex, caneta da marca de luxo Chopard, par de abotoaduras, anel e rosário árabe.
As investigações que constam no relatório serviram para embasar o indiciamento do ex-presidente e de outras 11 pessoas no inquérito que apura a venda ilegal de joias da Arábia Saudita no exterior.
Leia abaixo quem são e quais os crimes:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro);
- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- Mauro Cesar Lorena Cid, general e pai de Mauro Cid (associação criminosa e lavagem de dinheiro);
- Frederick Wassef, advogado (associação criminosa e lavagem de dinheiro);
- Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia (associação criminosa e apropriação de bens públicos);
- Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque (associação criminosa e apropriação de bens públicos);
- Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal (associação criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação de bens públicos e advocacia administrativa);
- Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- Osmar Crivelati, assessor de Bolsonaro (associação criminosa e lavagem de dinheiro);
- Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro).
Quais são os próximos passos?
- a PGR (Procuradoria-Geral da União) vai analisar as provas colhidas pela PF em até 15 dias e decidir se vai arquivar o caso, pedir mais investigações ou denunciar os envolvidos –a lista de crimes pode mudar;
- caso a PGR resolva denunciar os envolvidos, a denúncia será analisada pelo STF;
- o STF, então, pode decidir se aceita a denúncia ou se arquiva o caso. Se escolher aceitar a denúncia, os envolvidos viram réus e responderão ação penal –podendo ser condenados ou absolvidos. O Supremo também pode mandar o caso para a 1ª Instância.