A vinda do presidente francês Emanuel Macron ao Brasil no final de março vai selar a assinatura de um contrato entre a Origem Energia e a francesa Engie para estocagem subterrânea de gás natural. Apesar de se tratar de um acordo entre empresas privadas, o governo brasileiro enxerga a parceria como uma forma de restringir a política de reinjeção de gás da Petrobras.
Ao longo do ano passado, o ministério de Minas e Energia e a petroleira estatal travaram embates sobre a política da empresa em relação ao gás extraído dos poços de petróleo. A Petrobras reinjeta no mar grande parte do produto para produzir mais óleo, enquanto o governo já manifestou a vontade de ter esse gás direcionado ao mercado industrial.
O governo insiste em aumentar a oferta de gás para a indústria, mas a Petrobras bateu o pé e argumenta que não existe infraestrutura capaz de transportar o gás para a costa, o que torna a opção de reinjetar ainda mais contundente. A estatal tem em seu portfólio 3 projetos para aumentar sua capacidade de escoamento, mas até 2028 apenas 1 deles entrará em operação.
Segundo o Poder360 apurou, o acordo da Origem com a Engie entra na equação do governo como uma forma de solucionar a ausência de infraestrutura para levar o gás à costa, pois a Petrobras teria a opção de negociar a venda de gás para o reservatório.
O acordo entre Engie e Origem será na Bacia de Sergipe-Alagoas, onde a Petrobras também tem ativos. Nessa bacia também está inserido um dos projetos da estatal para construir infraestrutura de escoamento, o Seap (Projeto Sergipe Águas Profundas), um gasoduto que deve entrar em operação apenas em 2028.
A região tem um potencial grande para extração de gás natural e a expectativa do governo é que a Petrobras fique pressionada a negociar o gás produzido para abastecer o mercado por meio da Engie.