O BC (Banco Central) sinalizou nesta 4ª feira (31.jan.2024) que vai cortar a taxa básica, a Selic, para 10,75% ao ano em março. Seria um corte de 0,5 ponto percentual do patamar atual, de 11,25%. A composição do Copom (Comitê de Política Monetária) mais alinhada ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não mudou a postura da política monetária, que manteve o ritmo de cortes.
Nesta 4ª feira (31.jan.2024), o colegiado decidiu reduzir o juro base de 11,75% para 11,25%, o menor nível desde março de 2022. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 128 kB).
A decisão foi unânime no colegiado, formado pelos 8 diretores e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o comunicado.
Campos Neto já disse, em entrevista realizada em dezembro de 2023, que as “próximas reuniões” se referem aos próximos 2 encontros. Ou seja, em 20 de março e em 1º de maio. Neste caso, a Selic cairia para 10,75% e 10,25% ao ano, respectivamente.
O comitê disse que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá “da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
SELIC
O colegiado decidiu cortar a Selic pela 5ª vez consecutiva. Também foi a 5ª redução de 0,5 ponto percentual seguida.
Antes do ciclo de cortes, o juro base estava em 13,75%. O Banco Central manteve a Selic neste patamar por 1 ano para controlar a trajetória e as expectativas de inflação, medida oficialmente pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O Brasil terminou 2023 com uma taxa de 4,62%, dentro do intervalo da meta.
Para 2024, os agentes do mercado financeiro estimam inflação de 3,81%, segundo o Boletim Focus. A meta é de 3%, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. Caso fique fora do intervalo de tolerância, o Banco Central terá que enviar uma carta pública com as explicações para o descumprimento do objetivo inflacionário.
COMPOSIÇÃO MAIS LULISTA
A reunião do Copom é a 1ª com 4 nomes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O BC é uma instituição com autonomia operacional e os 8 diretores e o presidente têm mandatos de 4 anos, que não coincidem com o período eleitoral do Poder Executivo. Lula só conseguirá obter maioria das cadeiras em 2025, quando Campos Neto e outros 2 diretores terminam o mandato.
A autonomia foi aprovada em 2021 para diminuir a influência do governo federal nas decisões de política monetária. Campos Neto e o BC foram amplamente criticados em 2023 por causa do patamar da Selic, mas terminou o ano sendo convidado para o churrasco na casa de Lula. Os cortes no juro base começaram em agosto de 2023.
Os indicados de Lula são:
- Gabriel Galípolo (Política Monetária) – assumiu o cargo em 12 de julho de 2023;
- Ailton Aquino (Fiscalização) – assumiu o cargo em 12 de julho de 2023;
- Rodrigo Teixeira (Administração) – assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2024;
- Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) – assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2024.
Leia no infográfico abaixo os mandatos dos diretores:
POLÍTICA MONETÁRIA
A taxa Selic recuou 2,5 pontos percentuais desde o início do ciclo de cortes. Relembre os cortes anunciados pelo BC nas últimas 5 reuniões:
- agosto de 2023 – corte de 13,75% para 13,25%;
- setembro de 2023 – corte de 13,25% para 12,75%;
- novembro de 2023 – corte de 12,75% para 12,25%;
- dezembro de 2023 – corte de 12,25% para 11,75%;
- janeiro de 2023 – corte de 11,75% para 11,25%.
Os analistas do mercado financeiro apostam em Selic de 9% no fim de 2024 e de 8,50% em dezembro de 2025.