O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 3ª feira (30.jan.2024) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou “mandar” na PF (Polícia Federal) enquanto esteve na Presidência da República. O petista declarou que, em sua visão, não há “nenhum problema” na operação da PF que apura suposta espionagem ilegal feita pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e que mira o vereador carioca Carlos Bolsonaro.
“O cidadão [Bolsonaro] foi presidente da República, lidou com a Polícia Federal e tentou mandar na PF. Trocava superintendentes a bel-prazer, sem nenhum respeito ao que pensava o próprio diretor-geral ou o ministro da Justiça”, disse Lula em entrevista à CBN Recife.
Lula disse que, em seu mandato, a prática mudou e o governo deixou de fazer ingerências na corporação.
“O governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos na Justiça. Você tem um processo de investigação, você tem decisão de um ministro da Suprema Corte, que mandou fazer busca e apreensão sob suspeita de utilização com má-fé pela Abin, dos quais o delegado que era responsável era ligado à família Bolsonaro, e a PF foi cumprir um mandado judicial. Não vejo nenhum problema anormal”, declarou.
Lula disse esperar que os investigados na operação tenham o direito à presunção de inocência, o que, segundo o petista, não aconteceu com ele na época das investigações da operação Lava Jato. Ele foi preso em 2018 no caso do triplex em Guarujá (SP), por ordem do então juiz Sergio Moro, e foi solto em 2019, depois de o STF decidir que todos têm direito a responder em liberdade até que todos os recursos sejam examinados.
“O que eu espero é que as pessoas que estão sendo investigadas tenham o direito da presunção da inocência, que eu não tive. Acho que as pessoas que não devem, não temem”, declarou Lula.
Na 2ª feira (29.jan.2024), agentes da PF foram à casa da família Bolsonaro em Angra dos Reis e outros endereços ligados a Carlos Bolsonaro para cumprir um mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Eis a íntegra da decisão do magistrado (PDF – 274 kB).
A PF investiga se Carlos recebia informações ilegais da Abin. As supostas irregularidades teriam sido feitas durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin no governo de Bolsonaro. Na semana passada, em uma operação relacionada, a PF mirou o próprio Ramagem.