Ministros divergem sobre cancelamento de leilão de arroz

O cancelamento do leilão para importação de arroz parece não ser um consenso no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até o momento. Nesta 4ª feira (3.jul.2024), os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) deram declarações divergentes sobre o assunto.

Pela manhã, Fávaro disse em entrevista à GloboNews que o leilão não seria mais ser realizado. Afirmou que não é mais necessário fazer os certames porque o preço do produto “já cedeu” e voltou à normalidade.

“Com a sinalização de disponibilidade do governo de comprar arroz importado e abastecer o mercado brasileiro, além da volta à normalidade em estradas, os preços do arroz já cederam e voltamos ao normal […] Já temos arroz, em algumas regiões do país, a R$ 19, R$ 20, R$ 23 e R$ 25, o pacote de 5 kg”, afirmou Fávaro.

O 1º leilão para compra de arroz importado, realizado em 21 de maio, foi suspenso. Já o 2º certame foi anulado depois que foram encontradas inconsistências nos dados das empresas vencedoras. O presidente Lula admitiu que houve “falcatrua” no leilão para importação do arroz.

Poucas horas depois, em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto depois do lançamento do Plano Safra da agricultura familiar, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, não seguiu a mesma linha de Fávaro. Questionado se o governo tinha desistido de realizar o leilão, tergiversou.

“Nós estamos estudando todas as possibilidades. Hoje vamos nos reunir com os arrozeiros do Rio Grande do Sul para eles apresentarem as sugestões. Mas quem vai decidir sobre todas as medidas será o presidente Lula. O edital do leilão está pronto”, disse.

Carlos Fávaro foi novamente questionado sobre o tema no final da tarde desta 4ª feira, depois de anunciar o Plano Safra da agricultura empresarial. O ministro manteve o posicionamento de que o leilão de arroz não se faz mais necessário, mas não cravou que ele não seria realizado como tinha feito mais cedo.

“Mesmo com o cancelamento do leilão o arroz abaixou. Acho que o especulador ficou com medo e baixou os preços que vinha praticando. O arroz abaixou e tem pacote até abaixo de R$ 20. Então neste momento não se faz necessário outro leilão, e sim o estímulo a produzir mais”, afirmou o ministro da Agricultura.

Fávaro negou que haja divergência, mas confirmou que haveria uma reunião com Lula para decidir sobre o tema. “Se os preços voltarem a subir, medidas podem ser tomadas, inclusive a de realizar um leilão. Mas quero crer que encontraremos outras alternativas que não o leilão e que ele não será necessário”, reforçou.

Governo quer ampliar produção

O novo Plano Safra, lançado pelo governo nesta 4ª feira, terá um segmento para ampliar a produção de arroz no país. Batizado de “Arroz da Gente”, o pacote terá linhas de crédito e ações para estimular o plantio do grão por pequenos produtores em várias regiões do país na safra 2024/2025.

A avaliação do governo é que o país precisa aumentar sua produção do grão, inclusive levando-a para outras regiões do país além do Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 70% do arroz brasileiro. Com isso, ficaria menos suscetível a incidentes como as enchentes que assolaram o Estado gaúcho e provocaram dúvidas sobre o abastecimento do país.

Segundo o ministro Paulo Teixeira, a meta é incentivar a produção de arroz para incrementar em 200 mil toneladas a colheita do grão. Serão feitos contratos de opção, que estabelecem um preço mínimo do produto pelo governo para garantir ao produtor a comercialização a um valor justo, de acordo com o mercado.

“A gente quer alimento saudável e barato na mesa do trabalhador. Estamos lançando o programa Arroz da Gente, que vai estimular o plantio de arroz em todo o país através de contratos de opção para ampliar a produção em até 200 mil toneladas pela agricultura familiar”, afirmou Teixeira.

Pelo Plano Safra 2024/2025, o pequeno agricultor que produzir arroz terá juros reduzidos a 3% ao ano, no caso da produção convencional, e de 2% caso produza arroz orgânico. As linhas são para custeio, através do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

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