Gaza precisa até 2092 para reconstruir economia, diz ONU

A Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) disse que levaria décadas e bilhões de dólares para que a economia da Faixa de Gaza se recuperasse caso a guerra entre Israel e o Hamas terminasse hoje. Segundo o órgão, o PIB per capita da região caiu 26,1% em 2023. Eis a íntegra (PDF – 2 MB, em inglês) do relatório divulgado na 4ª feira (31.jan.2024),

Se a atual operação militar fosse finalizada imediatamente e a reconstrução começasse na sequência, a Faixa de Gaza levaria até o ano de 2092 apenas para restaurar os níveis do PIB de 2022. Para chegar a essa data, a Unctad usou como base a taxa de crescimento de 2007 a 2022 do enclave palestino, de 0,4% de expansão por ano.

A recuperação da economia da região vai exigir, disse a Unctad, um compromisso financeiro “várias vezes superior aos US$ 3,9 bilhões resultantes da operação militar de 2014 em Gaza” e exigirá “um esforço internacional conjunto” para restaurar as condições socioeconômicas pré-conflito.

Em um cenário mais otimista, com o PIB crescendo 10% ao ano, a Faixa de Gaza levaria até 2035 para recuperar o nível pré-bloqueio de 2006.

As condições socioeconômicas em Gaza eram terríveis em 2022 e no 1º semestre de 2023, com mais de 2 milhões de habitantes confinados num dos espaços mais densamente povoados do mundo, sofrendo de acesso inadequado à água potável, fornecimento esporádico de eletricidade e sem um sistema de esgoto adequado”, declarou o órgão da ONU (Organização das Nações Unidas).

A pobreza, acrescentou a Unctad, atingia 2/3 da população da Faixa de Gaza e 45% da força de trabalho estava desempregada antes do início da operação militar de Israel. Em dezembro de 2023, segundo o órgão, o desemprego atingiu 79,3% da população.

A operação militar em curso deslocou 85% da população de Gaza, paralisando as atividades econômicas e agravando ainda mais a pobreza e o desemprego”, afirmou. Conforme a Unctad, 37.379 edifícios (18% do total de estruturas da Faixa de Gaza) foram danificados ou destruídos pela operação militar.

O relatório cita a necessidade de quebrar o ciclo de destruição econômica que tornou 80% da população do enclave palestino dependente da ajuda internacional e diz que “um regresso ao status quo pré-conflito não é uma opção”.

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